Em duas apresentações nesta quarta-feira, dia 14 de setembro em Bom Retiro do Sul e Nova Bréscia, o Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Taquari (Consisa) trouxe uma proposta inovadora na área da oftalmologia que poderá ser implantada na região, caso os municípios consorciados demonstrem interesse em aderir ao projeto e implantar em suas escolas. Trata-se do projeto “Em Um Piscar de Olhos”, que permite o diagnóstico rápido de problemas oftalmológicos em crianças a partir dos seis meses até a idade adulta.
A demonstração ocorreu em dois momentos e foi conduzida pelo presidente do Consisa e prefeito de Itapuca, Marcos José Scorsatto, e por um dos idealizadores do projeto e diretor geral da H&Care Soluções em Saúde, Leonardo Figueiredo, de Brasília (DF). Ainda acompanhou a demonstração a representante do projeto no Rio Grande do Sul e assessora de marketing da GConectta, Fernanda Frasceschetti.
Pela manhã, prefeitos, secretários de Educação e veículos de comunicação da região baixa do Vale do Taquari puderam conhecer mais sobre o projeto, com demonstração prática em 21 alunos escolhidos aleatoriamente, junto ao auditório da Prefeitura de Bom Retiro do Sul. Já pela tarde, com 20 alunos escolhidos aleatoriamente, o mesmo ocorreu para os municípios da região alta do Vale do Taquari, junto ao auditório da Prefeitura de Nova Bréscia.
Conforme Scorsatto, o objetivo dos encontros com os gestores municipais e secretarias de Educação foi apresentar o projeto e, havendo interesse dos prefeitos, realizar os trâmites licitatórios para trazer a iniciativa para o Vale do Taquari. “A maioria das doenças oculares são silenciosas e as pessoas só procuram auxílio médico quando ela já está em estágio avançado. Ter informações a respeito das doenças que podem levar à cegueira é o primeiro passo para a adoção de medidas preventivas. Por isso, entendemos que firmar uma parceria com a organização Num Piscar de Olhos pode ser um grande acerto na área da oftalmologia no Vale do Taquari”, enaltece.
Na demonstração em Bom Retiro do Sul, quatro dos 21 alunos foram diagnosticados com algum problema de visão. Já em Nova Bréscia, três dos 20 alunos foram diagnosticados com algum problema na visão, além de vários deles quase atingirem o limite tolerável para a faixa etária. Para fins de comprovação dos resultados, o Centro de Oftalmologia de Encantado, por meio do Consisa, analisará os dados e fará a consulta com os sete alunos que tiveram algum diagnóstico, fazendo os encaminhamentos necessários para a correção ou tratamento. Prefeitos, secretários de Educação e representantes da imprensa também puderam participar da demonstração.
Figueiredo observou que, conforme as estatísticas apontadas no próprio banco de dados que o projeto está criando a partir dos mais de cinco mil testes já realizados em todo o Brasil, dos 33.256 alunos da área de abrangência do Consisa, 6.651 tendem a ser diagnosticadas com algum problema de visão, 3.990 provavelmente necessitarão de óculos e 997 tem potencial de ficar parcialmente ou totalmente cegas. “São números preocupantes que temos observado nos locais em que os testes estão sendo feitos. O objetivo do nosso projeto é agir preventivamente, evitando que muitas crianças possam perder totalmente a visão na fase adulta. Além disso, o projeto acaba impactando positivamente nos índices de escolaridade, pois muitas dificuldades de aprendizado decorrem de problemas de visão e muitas vezes não nos damos conta disso”, advertiu.
Em um piscar de olhos, seis fatores de refração identificados
Como o próprio nome diz, basta um piscar de olhos, isto é, apenas seis segundos, para que o equipamento portátil, com tecnologia de ponta, detecte problemas oftalmológicos, sem a necessidade de dilatar a pupila, sendo realizado no próprio ambiente no qual a criança ou adulto está. O equipamento é portátil, com menos de dois quilos, não invasivo, tem 97% de precisão nas capturas dos exames emitidos e mais de 90% de assertividade nos resultados.
Os seis fatores de refração que podem ocasionar problemas oftalmológicos e, em casos mais graves, a cegueira em crianças a partir de seis meses de idade, jovens e adultos e que podem ser diagnosticados via o equipamento do projeto são:
– Miopia: condição do olho caracterizada por má visão à distância;
– Hipermetropia: condição do olho caracterizada pelo desfoque de objetos próximos;
– Astigmatismo: condição do olho onde todos os objetos, tanto próximos como distantes, ficam distorcidos;
– Anisometropia: condição refrativa que pode afetar seriamente a visão binocular nos casos em que existe uma diferença de dioptria considerável entre os dois olhos;
– Estrabismo: distúrbio que afeta o paralelismo entre os dois olhos, que apontam para direções diferentes;
– Anisocoria: condição caracterizada pelo tamanho desigual das pupilas; apresentando sensibilidade à luz, dor ou visão embaçada.
O sistema analisa os dois olhos ao mesmo tempo a uma confortável distância de um metro entre o dispositivo e o paciente. Sua tela sensível ao toque permite uma operação simplificada e fácil gerenciamento de dados do paciente. Após o escaneamento, o equipamento emite um relatório, cujo laudo poderá facilitar e agilizar o diagnóstico posterior de um oftalmologista e o início de um tratamento adequado. O equipamento possui registro na Anvisa, na Anatel e na FDA, que é a “Anvisa” dos Estados Unidos, tendo em vista que se trata de tecnologia norte-americana e que já está sendo utilizada em outros países, como na Europa e na Oceania.
Figueiredo observou que tecnologia é cara, mas pode ser viabilizada financeiramente mediante a parceria entre os municípios. É aí que entra o Consisa. “Entendemos que a venda do aparelho para as prefeituras sairia muito caro. Por isso, criamos o projeto, focado em fazer os exames nos municípios, diminuindo desta forma os custos. Os municípios, por meio do consórcio, contratam o serviço e pagam por criança examinada. Marcamos uma data e viemos com a nossa equipe e o equipamento, indo diretamente nas escolas”, explanou. O custo médio em outras licitações do gênero, conforme ele, tem ficado próximo dos R$ 80,00 por aluno, valor irrisório se comparado com o custo de consultas e exames normais.